sexta-feira, 18 de novembro de 2011


Tergiversar

 Olha a minha cara de dispensa, de elogio aos relacionamentos baratos e a essas coisas que metem medo na maioria das pessoas. Hoje é o dia de soprar essa fumaça pútrida das convenções e dar na própria cara os tapas desejosos da cara daqueles que nos descartaram.
Dê em si mesmo o tapa que lhe acordará à verdade universal: você apenas precisa arremessar para longe aqueles ventos que lhe dizem que você precisa de alguém para ser feliz. Antes de tudo, busque-se! E verá que é você mesmo a roda viva desse universo. É de você que partem os caminhos a serem seguidos. Mas, se você não tem voz para apontar a própria direção, perdoe-me: Você será apenas mais um idiota a plantar cadáveres nas trincheiras que outros fizeram para você semear.
Não seja mais um idiota a se perder. Nós mesmos é que devemos fazer nossa carta de alforria. Ignore o medo e faça seu casamento com você mesmo. Fidelidade individual é o que há. Após, a liberdade lhe sorrirá. E é essa a cara de deboche que enfeitará sua tez de sarcasmo e de diversão. E tudo terá um xadrez diferente.
Olhando daqui, de detrás dessa fumaça toda, dá até para ver o céu azul.

terça-feira, 15 de novembro de 2011



Não vêm de longe essas perguntas que atormentam; vêm de há muito e daqui do lado, dessa abertura monstruosa neste peito consumido. Quem achar o sopro sobrenatural um equívoco é porque ainda não sabe que a obscuridade é a principal marca de nossa origem. Como já disse Hermann Hesse, outrora, proviemos do mesmo abismo. E é para o mesmo fim que caminhamos.
Esta terra amassada pelos meus pés e mãos jaz no meu suor. Este céu azul e branco é capturado e aprisionado e eternizado num flash de olhos cansados que não desistem. Este odor de almoço servido, pronto, fácil, apodrecerá. Repudiamos o acre, mas salivamos com a lembrança do nosso paladar desdenhoso e falso.
Só não conscientizamos a origem, porcos que somos, reles que estamos. É o nosso mistério a encandear-se, a desdobrar-se, a transfigurar-se, a suicidar-se e a refazer-se, sempre novo, sempre possesso.
Não vêm de longe, vêm de há muito, essas perguntas que atormentam...