domingo, 29 de abril de 2012


O Albatroz



É desse céu indeciso que tomo forças para mergulhar,
Na proa de um barco
Ou no homérico oceano.
É a vida ou a morte que faz meu alimento.
É o mito que me persegue o que os pescadores temem.
Não eu!
Senhor unicamente do Azul, eu nunca fiz um ninho no pescoço de ninguém...
E persigo barcos unicamente pelo rastro de óleo de peixe que deixam para trás.

Mas não é o rastro nem o óleo... O Peixe: isso é o que eu quero!
Não os obsoletos homens que guiam os barcos que me atraem
Nem ainda os pescadores que têm, cada um, dentro de si.
A corja humana não faz minha prisão.

Sou dono da pura magia do vôo;
do gosto do mar;
do azul do céu.
E também da magia do mar,
do gosto do céu e do azul do vôo.

Ainda uma vez mais, quero-me.
Por isso não tenho buscado tempestades
Nem ridicularizado as flechas que me buscam.
Tenho, eu mesmo, me exilado no chão.
Tenho, eu mesmo, impedido meu vôo...
Ainda uma vez, para que eu possa, a mim, encontrar.

Aves gigantes também precisam de chão.
E o amor é uma desculpa cara.

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