quinta-feira, 21 de abril de 2011

Os bárbaros Heróis... Opa! Os heróis Bárbaros do nosso tempo.



Li, recentemente, um texto chamado “A comédia do grotesco”, de Sandro Alex Simões. Um amigo, chamado Balta, me mostrou. Inclusive, pelo MSN, comentamos um pouco acerca do conteúdo do texto daquele cara, que fora seu professor.
O que comentamos sobre o tal discurso não chegou ao campo da linguagem, intertextualidade, ou coisa do tipo; nada da área teórica dos estudos incautos e blá, blá, blás, mas sobre aquilo que tinha a ver com os nossos dias.
Uma palavra que circunda o texto discretamente é Democracia. Ele mostra de maneira insuspeita que é sinistra a forma como retardados de plantão tomaram para si o significado da palavra e viveram-no, conscientemente ou não. Ele até menciona o massacre do Realengo, que chocou o Rio de Janeiro no último dia 07.
Contudo, minha intenção aqui não é, como diz minha avó, “assuntar” sobre o texto do professor, mas trazer à tona um ponto do discurso que não foi desenvolvido diretamente: o protagonista do tal massacre.
Ok, ok, ele não foi o primeiro a “brincar” de “cangaceiro” dentro de uma instituição de ensino. Pode, sim, ter achado “bonito” o que outros “coitados vítimas de bullying”, ou os tipos psicopatas fizeram e quis fazer também, para sair na Globo e em jornais internacionais. Entretanto, se ele foi o primeiro ou o último, não importa. Ele virou noticiário constante. As mídias esqueceram de dar atenção a tudo e, na TV, não se falava de outra coisa. Wellington! Wellington: O assassino de Realengo! Nos jornais: “Vítimas de bullying não sei o que...”; “O assassino foi evidentemente vítima de bullying...”; “O assassino tinha histórico de problema mental...”.
O que ele tinha ou deixou de ter, não importa também. Inocentes morreram! E acabou! Nada mudará o que aconteceu. No entanto, o que chamou mesmo a minha atenção foi o fato de crianças e adolescentes terem morrido em nome de uma verdade. Mas a verdade, devido à qual morreram, não era deles.  Era a verdade de um verme, que roubou de outros vermes a possibilidade de achar que aquilo no qual acreditava era... “ verdade”! Eita democracia falha! Todo mundo tem direito de afirmar o que bem entende e pode criar “bem entendidos” débeis mentais que matam por algo inexistente. Wellington!

Veja! Eu não sou um monstro... só estou na vanguarda.

A pós-modernidade cria desses heróis: O herói trágico que surgiu a partir desse momento, segundo Kothe (1985 apud GIMENES; CARVALHO, 2007) [1], não é o maniqueísta que busca o lado nobre, como se dá com o herói trágico-clássico. É aquele que não crê na ética, nem em si mesmo, ou se crê, o faz de maneira distorcida, subvertendo o ethos dominante (a ordem dominante). É o herói pós-moderno! Que não se detém somente às narrativas brilhantes, como Lavoura Arcaica de Raduan Nassar; mas sai do mundo da ficção em direção à realidade, para o infortúnio, inclusive, de quem sequer pensou em viver certos acontecimentos manipulados por ele.
Esses são os fatos:
- Existem inúmeros desses “heróis” que defendem suas “verdades” e são capazes de matar por elas; mas, por outro lado, tão desejosos de serem Deus, são incapazes de perceberem a ficção que há no ideal que defendem.
- Há inúmeros imbecis que querem “ser coroados reis de si”  e inventam os melhores personagens (heróis trágico-clássicos e românticos) apenas para esconderem o pós-moderno doentio que há dentro deles. E quando acham que já deu, armam um plano para “fuder” com muita gente, como o fez Wellinton. Há também aqueles que não matam fisicamente, mas corrompem o espiritual, confudem-se e confundem, uma vez que chegam a acreditar na personalidade que eles mesmos inventaram.
Parece que temos, hoje, de fato, um terreno fértil, onde “germina a planta mais provável, certo cogumelo, certa flor venenosa, que brota com virulência rompendo musgo dos textos dos mais velhos” (NASSAR, 2004, p. 52) [2]. Afinal, a verdade, hoje, parece ser nada mais além do que ficção, uma mão cheia de símbolos canonizados, eternizados e tornados obrigatórios... e por isso mesmo perigosa!

 Veja! Eu não sou um monstro... só estou na vanguarda.

[1] KOTHE, F. R. O herói. São Paulo: Ática, 1985.
[2] GIMENES, Thais Regina Pinheiro; CARVALHO, Aécio Flávio de. Lavoura arcaica: o herói trágico moderno.  In: CELLI – COLÓQUIO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS. n. 3, 2007, Maringá: [s. n.], 2009, p. 1029-1036. Disponível em: www.ple.uem.br/3celli_anais/trabalhos/estudos.../pdf.../109.pdf -. Acesso em: 12 jan. 2010, às 22:16h.

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