sábado, 28 de maio de 2011

               Uma resposta para Balta
             

  Eu já vivi mais de 40 anos. Conheço embaraços, micos, sorrisos, trejeitos. Mas ainda desconheço. Tenho mais de 20 anos, mas já nasci velha. Não existem soluções plásticas quando a idade é uma marca dentro de nós.
Tantos permanecem agitados por dias após uma balada. Outros tantos permanecem cativos após uma grotesca negação de amor. Muitos outros, dementes após um beijo roubado. E o vazio, aqui do lado, é a maior parte do que sou, na indiferença.
Minha alma – se é que eu acredito mesmo nisso! – tem sono, pede cama, fuga para um refúgio que não tem tempo de surgir e me fazer sumir. Importo-me mais com os interesses na minha responsabilidade: Quase nunca chego atrasada ao trabalho. E importo-me menos com aquilo que poderia me fazer gargalhar de gozo. Sinceramente, eu sobrevivo!
Acho que a maturidade tem muito disso. Ser adulto é ser tedioso; é encarar o nada; beijar o ácido e ainda ter que sorrir aos clientes diversos que aparecem nos dias (in) úteis em que temos que servir para alguma coisa. Numa transição, surgem perguntas sem respostas exatas e constantemente assistimo-nos com os braços envoltos numa frágil coluna enquanto o resto de nosso corpo, estendido horizontalmente, como morto, balança, quase solto, em direção ao que tememos e tentamos negar.
Contudo, mais cedo ou mais tarde, chegamos àqueles 40 anos. Estamos quase lá.  E já sentimos às vezes o gosto do desespero, resquício ainda dos Dramas que protagonizamos há um tempo. Mas o que predomina em mim agora é o trágico do não se importar. Se me negam o amor, durmo bem do mesmo jeito. Se me roubam um beijo, bocejo. Se quero sorrir, espero. Se pareço viver, desespero. Parece mesmo que todo o suposto equilíbrio da maturidade está na indiferença, o porquê da sobre ou subvivência que, não sei por que, nos faz mais respeitados.

4 comentários:

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  3. "Me identifiquei em alguns aspéctos. Me deprimi um pouco com a minha velhice, mas é a vida e a verdade. Hehe!
    De certa forma essa indiferença é um tanto útil, economizamos bastante ódio."(perdão pela filosofia de bar!)

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  4. Economizamos muito mesmo. Uma filósofa de bar perdoando outro... hehehehehehehe Não dá, né?
    Obrigada pela visita e pelo comentário. =*

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