sexta-feira, 27 de maio de 2011


Uma moeda por um ideal


 Já tentei pegar moedas numa fonte nova de desejos velhos. Crentes [1] jogaram-nas lá – o que, aparentemente, não parece absurdo, mas é. Cogitei um imã num fio de nylon talvez, ri até – Irônico? –, mas a falta de tempo não me permitiu furtá-las.
As pessoas têm total direito de sonhar ou fantasiar – Como queiram! Mas eu também tenho meu direito de dizer o que penso. Que sonhem, fantasiem, que fujam da realidade, que neguem os fatos, se frustrem e se matem, mas que não comprem o que não existe!
Iludidas pela imagem – na mídia ou nos ecos de nosso inconsciente! –, todas elas, crentes da perfeição, jogam ainda não somente moedas em reais fontes de desejos, mas jogam sua existência, o que são, em débeis fontes de promessas de ideais, cuja real origem ninguém sabe.
O engano parte exatamente da capacidade que as pessoas têm de serem tão desumanas, de se negarem e de negarem que, delas, mais nada há além do que está nelas mesmas: O homem é o que é. A mulher é o que é. Ele é quem é. Ela, quem é. E não pensem as pessoas que o desejo de um está em encontrar o outro, oposto ideal a lhe completar. Inacabados são todos aqueles que não veem que buscam seu próprio ideal, ou o ideal que são. É por isso que, no amor, como diz Nietzsche, os sexos se enganam mutuamente.
Frustrados são todos os que querem a realidade daquilo que apenas pode existir no imaterial, no símbolo presente nos olhos fechados, apertados na crença da realização do que não passa de um capricho numa moeda contaminada – e da maior prova de sua descrença no tanto que são desumanos para consigo mesmos, sobretudo quando lançam na fonte moedas que certamente lhes serviriam mais na economia forçada pela próxima crise do país.

[1] Aqueles que acreditam.

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