sábado, 14 de maio de 2011


Um café, uma tarde e algumas reflexões


As promessas não precisam ser feitas para que sejam desejadas, assim como não dependem somente de quem as fez para que sejam cumpridas.
As pessoas não precisam morrer para sentir o vazio, assim como o vazio não precisa da morte para existir e fazer estragos.
O ontem não precisa do amanhã para ser lembrado, assim como o agora sempre será levado, independentemente do nosso desejo de esquecê-lo na casa abandonada depois de mais uma mudança.
A arte não precisa do seu gosto para que ainda assim seja arte, assim como o poeta não precisa ter amado para falar de amor.
A vida não precisa ser conhecida para ser vivida, assim como há quem saiba falar dela sem sequer ter posto a ponta do nariz para fora de si mesmo a fim de vivê-la.
Amores nem sempre significam dores, assim como aqueles que nunca sofreram por amor costumam associar o sentimento ao sofrimento.
Homens são capazes de atitudes nobres, assim como as mulheres, por mais que não admitam, têm uma habilidade muito grande para agirem como “vacas”.
Saudades não precisam ser gritadas para que provemos que são sentidas, assim como eu não preciso sofrer para que eu sinta sua falta.
A ausência de luz nem sempre indica a presença das trevas. Ela pode simplesmente estar indicando um interruptor temporariamente desligado e um quarto fechado, assim como a madrugada, quase repentinamente, consegue se transformar numa linda manhã de sol.
A presença da luz nem sempre significa bem-estar, assim como 8 horas da manhã não significam a ausência da madrugada, que ora persiste nas manhãs nubladas e frias.
O silêncio nem sempre significa palavras caladas, assim como uma chuva de verbos e pronomes não significam amor nem maldições.
Uma estante de livros não significa intelectualidade, assim como a falta de diplomas não significa ignorância.
Solidão pode não significar ausência do outro, assim como o outro nem sempre significa companhia.
Eu posso não acreditar em nada disso, assim como não farei nada para que as coisas sejam consertadas.
Nem sempre realizar um sonho significa sair à luta. Certas coisas caem ao nosso lado, no sofá: uma puta, uma garrafa de vodka, nossa carteira vazia... e o Amor!
Sobriedade nem sempre significa exatidão ou verdade, assim como “Eu te amo!” dito sob efeito alcoólico ou desespero pode ser verdade.
Pensar demais nem sempre significa conhecimento. Sentir às vezes é a melhor forma de consciência. A maciez de uma pétala, o sabor de um fruto, a fúria de um Rock somente podem ser conhecidos quando usamos nosso corpo; e, deste, nada sabemos, de fato.
O café nem sempre corta o sono, assim como o cigarro nem sempre é fumado com desejo ou nos acalma; às vezes, está aceso por hábito e reflete ainda mais nossa ebriedade.
Não precisamos um do outro. Assim também como isso não quer dizer que tenha que haver a necessidade para que haja o amor. E se você não sente saudade, não espere que eu revide dizendo a mesma coisa.
Hábitos nem sempre significam personalidade, assim como vestimentas nem sempre dizem quem nós somos, afinal, por trás de um colarinho, pode estar um infame; por trás de um trapo, pode estar um verdadeiro homem.
Parece mesmo que, por trás das nuvens, sempre estará o Sol. Assim como se sabe, sempre, que uma bela tarde e um arco-íris no céu podem ser encerrados por uma noite chuvosa.
Mas tudo, de alguma forma, é. E isso basta para que saibamos nos olhar na próxima vez em que nos encontrarmos.

Um comentário:

  1. Com um espírito tão livre, tão jovial e tão rebelde e ainda escreve divinamente.

    Parabéns, entra em contato, pessoas assim são difíceis de encontrar hoje em dia.

    ResponderExcluir